O Guerreiro
Alagoano
O Guerreiro é um auto
natalino genuinamente alagoano, de caráter dramático, profano e religioso. É
uma junção de elementos dos pastoris, cheganças, quilombos, caboclinhos, e na
opinião dos estudiosos do folclore se trata de um reisado moderno.
Surgiu em Alagoas na
década de 20 do século XX, o folguedo apresenta um grupo de cantores e
dançadores acompanhados de uma sanfona, tambor e pandeiros, que conta e canta
através do sincretismo religioso a chegada do messias e a homenagem dos três
reis magos, entre os dias 24 de dezembro até o Dia de Reis, em 6 de janeiro.
O Índio Peri, a Lira,
o Papa-figo, a Alma, o Zabelê, o Sapo, o Mateu, o Doido, o Mata-mosquito, a
Sereia, a Estrela Dalva, os Reis e Rainhas. Estes são alguns dos inumeráveis
personagens que podem compor um auto de Guerreiro, sobre o comando do Mestre e
sua espada, com seu incrível chapéu em formato de igreja de onde caem fitas de
cetim multicoloridas.
A indumentária é
carregada de espelhos, miçangas, brilho, lantejoulas e cores, muitas cores,
todas elas. Os homens usam calções e meias brancas bem longas, imitando as
roupas dos nobres e reis da corte, as mulheres usam vestidos com acessórios
referentes a seus personagens, tudo isso compõe o visual das apresentações
deste folguedo popular alagoano.
A parte musical,
segundo o músico e pesquisador do guerreiro Tido Moraes, é um auto todo
cantado, intercalando intervenções instrumentais, como vinhetas de passagem
entre um episódio e o próximo. Acontecem pausas chamadas de embaixadas, nas
quais o mestre e as outras figuras do guerreiro representam seus personagens em
versos falados.
Tido completa. “O
auto é uma seqüência de músicas poli-rítmicas, em formas binárias, ternárias, e
quaternárias, esse é o tempo do andamento, ou seja, representam marchas e
valsas. A harmonia funcional é bem simples e se dá através da sanfona. O mestre
entoa a melodia e as figuras respondem em coro”.
Quem já assistiu a
uma apresentação de Guerreiro sabe que a música tem um ritmo frenético e forte,
a coisa toda é bem quente, pega fogo no salão mesmo, como se diz.
Mestre Benon, do
Guerreiro Treme Terra de Alagoas, um dos grupos mais respeitados do gênero,
conta no vídeo “Mestre Benon, o Treme Terra”, de Nicolle Freire e Celso
Brandão: “Nós já quebramos muito palanque por aí se apresentando com o
Guerreiro, uma vez na universidade (Ufal) estavam com as câmeras da TV filmando
e quebrou tudo, caiu todo mundo”.
Isso pode acontecer
no momento chamado de trupé, em que os dançadores batem o pé com força no chão,
acompanhando o aumento da velocidade da música. Quebra mesmo.
Logo depois da reza
do divino, no meio do espetáculo, acontece a luta de espadas entre os
guerreiros. Este embate envolve sempre mestre e os embaixadores contra outros
personagens como o Índio Peri. Tem pirueta, cambalhota e toda ação de uma boa
luta de espadas. Errol Flynn das Alagoas!

Mestre Benon, o Treme
Terra
“O Guerreiro é irmão
do Reisado, primo do xangô, dos índios da montanha, das Baianas, da Taieira, do
Toré de índio, do Caboclinho, do Bumba-meu-boi e do Quilombo do Pastoril".
(extraído do site do projeto Guerreiro por Natureza, Universidade Federal de
Alagoas - Ufal).
Modéstia não é seu
forte. Há mais de 50 anos atuando no folclore alagoano, Benon é um exemplo de
gente do povo orgulhoso de si mesmo e de suas realizações, de sua arte, do seu
Guerreiro Treme Terra de Alagoas, ele bate no peito e diz “Mestre Benon, o rei
do folclore”, e é mesmo.
Segundo ele, é
instruído em 29 profissões, e que não tem preguiça de trabalhar, dá valor a
Alagoas porque “aqui só morre de fome se for preguiçoso, tem peixe, sururu,
siri, caranguejo, tudo”.
No Centro Comunitário
Hélio Porto Lages, bairro da Chã do Bebedouro, onde se tem uma bela vista de
Maceió e da Lagoa Mundaú, vive Mestre Benon e a maioria do seu grupo de
Guerreiro, por volta de 35 pessoas que o tratam com grande respeito.
Benon comanda também
um trio de forró, tocando sanfona, e que tem o ótimo nome de Trio Mordido do
Poico. Como complemento de renda, ele vende, ou melhor, exporta pequenos
chapéus de Guerreiro, enfeites que rodam o mundo, “Estados Unidos, Japão,
Europa, vendo pra todo lugar”, diz o Mestre do folclore alagoano.
GRUPO:
Maria Franciele
Nayanne Lima
Thais Evelyn
Vinícius Luis
Vinícius Henrique


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