sexta-feira, 22 de setembro de 2017

                               O BOI DE CARNAVAL

Boi de Carnaval O boi de carnaval surgiu da necessidade de alegrar os moradores da comunidade, uma vez que o carnaval da região era pouco movimentado. Foi criado por Marise Rodrigues. Possui 5 integrantes, entre 15 e 18 anos, e ensaia nos períodos que antecedem o carnaval no Centro Cultural de Ouro Branco. Boi feito com armação de madeira e coberto com tecido vistoso ou chitão. Saem às ruas durante os três dias de carnaval fazendo pedincha de dinheiro, de bebida ou vendendo o boi. Sua origem é européia, africana e ameríndia. Os bois que surgem em Alagoas recebem influência dos bumbas, reisados e guerreiros.




ALUNA: Maria Eduarda Sousa

ALBERTO NEPOMUCENO AGRA (* 19/04/1921 + 22/01/2014)

Filho de Pedro Rodrigues Agra e Jovita Nepomuceno Agra, de uma prole de nove irmãos. Nasceu em 19 de abril de 1924, em Santana do Ipanema, na Praça da Matriz (atual Praça Coronel Manoel Rodrigues da Rocha), onde hoje funciona a Casa das Alianças.

Ainda criança, juntamente com o seu irmão Djalma, ajudava o seu pai no armazém de compra e venda de cereais, mamona, algodão e peles de ovinos, caprinos, bovinos e animais silvestres. Realizava ainda outras tarefas, como buscar leite no local situado atrás do prédio da antiga Empresa de Luz (atual Loja Casa Nova, situada na Rua Barão do Rio Branco); esse leite era vendido de casa em casa e na residência do Sr. Pedro Agra. Nesta tarefa era auxiliado por seu irmão Aroldo, dois anos mais novo – tinham oito e seis anos de idade, respectivamente.

Estudou no Colégio Santanense, pertencente ao Sr. Flávio de Araújo Melo (irmão do Major Darcy de Araújo Melo) até o 4º ano primário.

Aos 10 anos de idade, foi entregue aos cuidados do seu tio Manoel Nepomuceno (Ferrageiro), devido a problemas de saúde da sua mãe e posterior falecimento. O tio encarregou-se da sua educação, enviando-o para estudar no Recife (1935) e em Maceió (1937). No Colégio Nóbrega – Recife cursou o admissão e 1º ano ginasial, concluindo o ensino médio no Colégio Diocesano de Maceió. 

De volta ao Recife, seu primeiro emprego foi aos 17 anos, em 1941, na Pharmacia e Drogaria Conceição. Como não foi remunerado por ser aprendiz, pediu demissão. Na Chapelaria MR Machado & Cia, passou a receber 100$000 (cem mil réis) insuficiente para pagar a pensão onde morava, cujo valor 65$000 (sessenta e cinco mil reis) por quinzena. Fez então um apelo ao seu tio Manoel Nepomuceno, que durante quatro meses enviou recursos até receber salário de 150$000 (cento e cinquenta mil réis). Escreveu ao tio informando o aumento e agradecendo a ajuda, passando a viver por conta própria.

A guerra continuava, a Alemanha dominava a Europa e o Oceano Atlântico. Certo dia, um cliente da Chapelaria deixa um jornal no balcão, com um anúncio que lhe chamou atenção: “Voluntários para o Exército...”. dirigiu-se então ao Quartel General e pediu informações sobre os documentos necessários. Precisava, dentre outros, de autorização do pai, por ser menor – tinha apenas 17 anos. Solicitou por telegrama a sua emancipação e na semana seguinte recebeu o documento, indo ao quartel: alista-se, faz exame de saúde e é informado sobre o dia em que deveria se apresentar nos casarões das ladeiras de Olinda, onde os voluntários eram abrigados. Ao se apresentar, recebe uma esteira e um travesseiro recheado de capim.

Seu batalhão, 0 30ª BC, parte para Fernando de Noronha, a bordo do navio costeiro ITATINGA.

As agruras, dos tempos de Guerra, eram grandes, em relação a alimentação, dormida e doenças parasitológicas, por conta do grande número de soldados em apertados ambientes.

Ao ser promovido a cabo, foi transferido para o 15º Regimento de Infantaria em João Pessoa – PB.

DE dezembro de 1943, já promovido a sargento, a julho de 1944, se especializa em assuntos de guerra, no campo de Aldeia-PE.

Ao ser anunciado, em seu pelotão, que se precisaria de voluntários para completar o contingente do Rio de Janeiro, foi o primeiro a dar um passo a frente, embarcando no navio ALMIRANTE JECEGUAY, com mais 600 companheiros, Em 07 de julho daquele ano, desembarca da Baoa de Guanabara.

Aos 20 anos, em 1944, foi para a Itália, com a graduação de 3º sargento, integrado à Força Expedicionária Brasileira (FEB), a fim de combater na II Guerra Mundial ao lado das Forças Aliadas, onde permaneceu durante 10 meses. Retornando ao Brasil como herois, pela sua atuação no campo de batalha.

Volta à Santana do Ipanema depois de findar a guerra e assume a gerência Casa O Ferrageiro, na época pertencente ao Sr. Manoel Nepomuceno, nos anos 1946 e 1947, tendo como colega de trabalho o Sr. Bartolomeu Barros, que o sucedeu no cargo. 

Iniciou como comerciante do ramo farmacêutico em 1947, tendo como sócio o senhor Hermínio Tenório Barros, conhecido como Moreninho, até 31 de dezembro de 1950.

Casou com Rosa Marques Agra em 26 de maio de 1949, com quem teve nove filhos: Jovita (Médica), João Tertuliano (Engenheiro e Professor Universitário), Marta (Analista de Sistemas), Manoel (Farmacêutico), Berta (Terapeuta Ocupacional), Rosa Maria (Terapeuta Ocupacional), Alberto Filho (Veterinário) , Priscila (Farmacêutica) e Adriana (Recursos Humanos); tem 12 netos e 02 bisnetas.

Em 1951 inaugurou o primeiro transporte diário de passageiros de Santana do Ipanema a Maceió, das segundas às sextas-feiras, cujo motorista era o Sr. José Queiroz Oliveira (Zé V-8). Essa empresa, pioneira em sua atividade, teve vida efêmera, tendo sido encerrada no mês de dezembro do mesmo ano.

De 1951 a 1954 trabalhou para a firma Domício Silva & Cia Ltda. 

Em março de 1954, fundou a Farmácia Vera Cruz.

Foi sócio-fundador e presidente do Rotary clube e do Lions Clube de Santana do Ipanema ainda hoje é sócio deste último; fundador e primeiro presidente da Companhia Telefônica de Santana do Ipanema; fundador e primeiro presidente da Associação Comercial de Santana do Ipanema; fundador do CDL de Santana do Ipanema; é membro da Loja Maçônica Amor à Verdade, tendo sido venerável por dois anos; é sócio-fundador e foi presidente do Tênis Club Santanense; foi fundador, diretor e professor do Ginásio Santana, é membro da diretoria do Colégio Cenecista Santana, é sócio da Associação Nacional dos Veteranos da FEB (Força Expedicionária Brasileira) - seção de Pernambuco e da Associação dos Ex-Combatentes – seção de Alagoas.

Todas estas instituições ainda hoje funcionam plenamente. A Companhia Telefônica de Santana do Ipanema, inicialmente independente, foi incorporada, como todas as outras existentes no Estado, por decisão governamental, à Companhia telefônica de Alagoas (CTA), posteriormente denominada TELASA, TELEMAR NORTE LESTE S/A e atualmente OI.

Em 2001, 56 anos após o término da guerra e juntamente com os seus companheiros remanescentes e alguns parentes dos mesmos e dos que já se foram, realizou uma visita à Itália, fazendo todo o percurso realizado durante a guerra, inclusive reencontrando pessoas que conheceu na época.

Em 2008, após muita luta, conseguiu a aprovação da reserva particular de Patrimônio Natural da tocaia (RPPN), sendo a primeira unidade de conservação do Bioma Caatinga do estado de Alagoas. Com esta iniciativa a área preservada será perpetuada para as futuras gerações.

Em julho de 2010 retornou à Itália com um grupo de Veteranos da FEB, percorreu cidades que foram palco de combates na II Guerra e também participou de solenidade em homenagem aos Pracinhas brasileiros presentes. Visitou ainda Paris e Londres.

Em 08 de maio de 2011 participou em Paris, da solenidade em comemoração ao Dia da Vitória, no Arco do Triunfo, acompanhado de ex-combatentes franceses. Visitou a Normandia (local do desembarque das tropas aliadas), e a Gruta de Lourdes. 

Atualmente, aos 89 anos de idade e sua Farmácia Vera Cruz com 58 anos, Alberto Nepomuceno Agra, o progressista, ambientalista e protagonista de ações que sempre engrandeceram e engrandecem Santana do Ipanema; este filho ilustre que muito nos orgulha, continua a nos dar lições de amor pela causa da preservação da natureza, O PRINCÍPIO DE TUDO, costuma de dizer: “Gosto de pensar nas futuras gerações”.










equipe:
Alex dos prazeres Ferreira 
Bianca Eduarda Nascimento 
Fabya Tafarela 
Greyna  Rocha 
Kamila Ferreira 
Rafaella Barbosa



Pastoril 

Pastoril é o mais conhecido é difundido folguedo popular de Alagoas. É uma fragmentação do presépio, sem textos e sem diálogos.  É constituído apenas por danças e canções  religiosas ou profanas, jornadas soltas. Os presépios, origina-se de autos portugueses antigos, guardando a estrutura dos Noéis de Provença (França). 

Folguedos e danças de Alagoas - José Maria Tenório Rocha. 









Equipe:
Glória Isabel
Jackeline Santos
Fernanda Feitosa
Salila Aurora
Bruna Cipriano

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

        História de Cândido Cavalcante e Silva (Candinho)

                                                                           Em Santana do Ipanema- AL


História de Cândido Cavalcante e Silva

Por muitos anos o trabalhador passou desapercebido nas ruas ladeirosas e suarentas de Santana do Ipanema. E pela primeira vez na história do município, entretanto, um trabalhador perde o anonimato para se eternizar em uma estátua de cimento e ferro. O trabalhador se transforma em estátua com o seu instrumento de trabalho: um burro.

Candinho e os burros Perigo e Persigo (Pirigo e Prissigo, como preferia chamá-los, ou alcançava com sua gramática típica) viveram em uma Santana do Ipanema que hoje repousa nas prosas sobre a cidade e a poesia que os poetas matutos cantam nas ruas cheias de feiras. Aliás, as ruas da cidade de Santana, tida por Rainha do Sertão, são ruas tomadas de feiras e cascas de vidas.
. É de longe a história dos tangedores de burros a ocuparem a memória do povo de Santana do Ipanema, no Sertão alagoano, onde os escritores e escultores constroem uma nova realidade com a sua arte de retratar o burrico com ancorotas, um burrico prateado, de quatro ancorotas nas costas em cangalhas cercadas com um arco preto. Diante da história dos tangedores de burros, destaca-se Candinho com os seus asnos que ocupavam as ruas da cidade de Santana do Ipanema, no Sertão alagoano.

 O trabalhador Candinho, livre e descendente dos revoltososos Malês de Salvador, Bahia, de 1835, nascido e criado em Santana do Ipanema, conhecido de uns e de outros, em sua homenagem na segunda metade do século 20, a cidade lhe ergueria uma praça na entrada da avenida principal. Na Praça das Coordenadas ficaria eternizado o tangedor de burro Candinho e um de seus jumentos, ali, na famosa Praça do Jegue. A Praça do Jegue, em Santana do Ipanema, foi notícia no New York Times, na CBN, na Deutsche Welle e na memória dos visitantes do Sertão alagoano.








Equipe:

Ana Letícia Amorim Santos
Bruna Rocha Silva
Eduardo Vieira 
Samyra Melo Vasconcelos Santos
Stanrlley Bergson De Alencar Monteiro Carvalho

O Reisado Alagoano

 O Reisado é uma espécie de revista popular em que os números de canto, danças e declamações de obras poéticas decoradas ou de improviso dominam quase a parte dramática
Theo Brandão*

Theo Brandão em 1979
A época das “Festas”, isto é, o período que vai da véspera de Natal até o dia de “Reis” é, em Alagoas, a época por excelência dos folguedos populares. Pastoris e Presépios, Cheganças e Fandangos, Reisados e Guerreiros, Cabocolinhos e Quilombos, Baianas e Taieiras, ensaiado às vezes com vários meses de antecedências, surgem em profusão nas “festas” de Maceió, Fernão Velho, Cachoeira, Utinga, Pilar, S. Miguel, Capela, Viçosa, Atalaia ou Camaragibe, para diversão das mais várias camadas sociais.
De todos estes folguedos, aquele que goza de maior prestígio, mormente no seio da população mais humilde das zonas suburbana e rural de Estado, é o que tem entre nós o nome de Reisado, ou, atualmente, o seu “alter ego” e sucessor — o Guerreiro.
É ele, em sua essência, nos tempos atuais, uma espécie de revista popular em que os números de canto, danças e declamações de obras poéticas decoradas ou de improviso dominam quase a parte dramática do folguedo constituída pelos ”entremeios” que são representações, na sua maioria curtas e pobres, e, elas próprias, quase sempre acompanhadas de cânticos e danças.
Especificando as influências formadoras do auto, o saudoso mestre Artur Ramos anunciou com muita precisão: “Resultado do esfacelamento de autos como o dos Congos-Cucumbins que evocam acontecimentos históricos dos Reis de Congo; cerimônias totêmicas ligadas ao patriarcado, com festas cíclicas de coroação; sobrevivências dos fastos africanos das embaixadas e cerimônias processuais; festas peninsulares do ciclo das Janeiras, saídas de velhas tradições onde era costume e escolha de um rei ou de uma rainha; autos ameríndios correspondentes”.
Indubitavelmente eles se ligam à tradição da “Janeiras” ou “Reis” portugueses, impregnadas das Saturnais pagãs, continuando o “stips” ou “Strena” dado como “omen boni anni” em que Janeireiros, em bando, vão pelas portas, tocando e dançando, na esperança de alguma dádiva ou presente. Tradição, aliás, que não se circunscreve a Portugal mas existe no resto da Península com as festas do “Aguinaldo” e podem ser rastreadas pelo menos sob a forma de pedinchas e de votos de Boas Festas pelo resto da Europa. “Janeiras e Reis” estes nos quais “bandos percorrem as ruas às caladas a surpreender em suas casas aqueles a quem vão pedir os Reis e cantar “Boas Festas” e a apresentar fragmentos de danças e de autos. Vindos para o Brasil, Janeireiras e Reisados, ou talvez mesmo antes, ainda em Portugal, incluíram-se no folguedo animais característicos dos presépios: boi, burrinha, etc., e personagens totêmicos e míticos outros europeus, ameríndios ou africanos: Sereia, Onça, Jaraguá, Caipora, Folharal, Manuel Pequenino, etc.

Reisado em Maceió no ano de 194. Foto de Marcel Gautherot do acervo do Instituto Moreira Sales
Unindo-se vários ranchos ou “Reis” num folguedo único: o Rancho ou Reisado do Bumba-meu-boi, talvez porque mais significativo para a região nordestina, quase toda ela enquadrada na “área do couro” e tendo ainda por cima a força das sugestões totêmicas europeias e africanas; foi ele engolindo todas as outras variedades de Reisados, incorporando por sua vez todos os outros personagens e fragmentos de autos e romances, num processo, como dizia Mário de Andrade: “de formação gradativa e essencialmente rapsódica”, de modo a constituir “uma verdadeira revista de números vários” do qual o mais importante, porque titular do Reisado, era o Boi, também chamado por causa da onomatopeia do estribilho da sua cantiga, de Bumba-meu-boi.
Complicando a sua estrutura, um outro folguedo ou auto se veio a misturar o Reisado (se é que ele não era realmente também um Reisado) — o dos Congos que, presumivelmente, se formara por imitação das danças guerreiras portuguesas, como as Mouriscadas e Dança dos Pauliteiros, e também por influência dos cortejos e danças das corporações de ofícios, segundo muito bem sugeriu Roger Bastide.
E de 10 a 15 anos para cá, incorporando elementos de outro folguedo — o auto alagoano dos Cabocolinhos(que são entre nós coisa diversa da dança dos Cabocolinhos de outros Estados) um auto completo, a nosso ver sobrevivência, sob outro nome, do auto dos Cucumbis e elementos dispersos de Pastoris, Cheganças e Fandangos, o Reisado se transformou no “Guerreiro” mas guardou, entretanto, a mesma estrutura básica e idêntico desenvolvimento.
Folguedo próprio do ciclo do Natal, ele inicia oficialmente sua atividade na noite de 24 de dezembro, véspera de “Festas” e termina também oficialmente suas atividades no dia de Reis à noite.
Contudo, só oficialmente assim mesmo na capital ele obedece a este período. Realmente começa três, quatro e até cinco meses antes do Natal aí pelos meses de agosto ou setembro com célebres “Ensaios” e se prolonga em excursões para o interior do Estado e mesmo fora deste até fevereiro ou março.
Tais “ensaios” realizam-se nas noites de quarta-feira, sábado e domingo, das 20 horas em diante, em barracões cobertos de palha de coqueiros ou palmeira, iluminados à luz elétrica ou por candeeiro de carbureto (acetileno). Nos arrabaldes de Maceió o dono da “festa” é um merceeiro que deseja incentivar os seus negócios ou que explora as eufêmicamente denominadas “diversões familiares” e que faz do “ensaio” de uma “função” (Guerreiro, Chegança, Baianas ou Pastoril) o chamariz da freguesia. Raramente é o “financiador” da “brincadeira” um amante dos folguedos populares ou membro das comissões de “Festas” dos bairros.

Guerreiro alagoano em 1943. Foto de Marcel Gautherot do acervo do Instituto Moreira Sales
A estes “ensaios” acorre toda a população mestiça dos subúrbios. Vendedores de barracas, de carrinho de mão, de tabuleiros, se estabelecem em torno do barracão e os assistentes, além das “bicadas” de “limpa” na “venda” do dono da festa, podem adquirir nos tabuleiros: o amendoim torrado, o sorvete raspado, as garapas geladas e coloridas, a cocada de coco verde, as batatas cozidas, os “manuês”, os roletes, os roletes de cana caiana, os pacotinhos de farinha de milho, as pipocas e tantas outras guloseimas peculiares de nossa região.
Transformam-se eles assim num ponto social importante na vida dos subúrbios de Maceió ou das localidades e engenhos do interior, e nos intervalos da “função” ou mesmo o seu desenrolar, as conversas, ou namoros, os diz-que-diz-que, os encontros se processam entre cafusos, mulatas, pretos, caboclos e “poor-white” e até mesmo com indivíduos das classes mais elevadas.
É bem de dizer-se que em tais “ensaios”, nos quais somente os Mateus e o Palhaço se encontram trajados a caráter, quase não se ensaia coisa alguma e ele não é mais que uma desculpa para a realização do folguedo antes da época tradicional e oficial.
Após a noite de Reis é praxe encerrar-se as festas natalinas na capital e principais cidades do interior. Não obstante, as “troupes” de Reisados e Guerreiros continuam a brincar pelo interior do Estado em excursõesque duram até fevereiro ou março. Partindo de Maceió ou municípios vizinhos ganham os municípios do sul do Estado atingindo a ribeira do S. Francisco e atravessam o rio em Propriá ou se dirigem para o sertão, transpondo as fronteiras do Estado em Correntes, Bom Conselho, etc. Raramente vão ao Norte do Estado que tem seus folguedos próprios os quais, entretanto, nunca ultrapassam, em suas excursões, a sua zona.

Nau Catarineta armada para o fandango da Praça 13 de Maio em Maceió no mês de dezembro de 1947
Nestas “tournées” param em engenhos, vilas, cidades, lugarejos, onde se exibem à noite, partindo ao despontar do dia, em caminhões que passam pelas “rodagens”, raramente nos trens da “Great Western”, frequentemente a pé, sob a soalheira, baús e trouxas às costas em demanda de casas onde possam dançar. E quando em vilas ou cidades não encontram casa que os aceite (o que é muito mais comum hoje quando a aristocracia rural dos banguês e a classe média das cidades do interior e a ela ligada já possui outras diversões: rádios, vitrolas, cinemas, etc.), realizam-se os folguedos nos mercados públicos, cobrando-se como entrada pequena contribuição. Ou então, se algum chefe político ou pessoa influente da localidade patrocina a exibição, ela se efetua em armazéns, pátios cimentados, galpões e não mais nas salas de visita ou de jantar como acontecia nos tempos antigos.
O mesmo acontece nos engenhos. Raríssimos são ainda os senhores de engenho que cedem a Casa Grande para a realização do folguedo, como era costume há 30 ou 40 anos atrás. Ou colocam-nos a dançar nos picadeiros do engenho (de fogo morto geralmente) ou nos cimentados de secar açúcar, nas salas da escola ou em galpões de palha tal como se usa nos bairros de Maceió.
E aí, brinca o Reisado — velha folgança que, embora cada vez mais relegada às classes mais humildes e deseducadas, resiste como uma força tradicional e popular merecedora de estudo e de documentação.



Equipe:

Erick Anthony Cajueiro Silva
Fylipi Soares santos
Thaywisson Kennedy Pereira de Morais
Denissom Henrique da Silva Freire
Adenilson Alcântara
Manifestação do Quilombo dos Palmares


     No Brasil os negros escravizados quando conseguiam fugir se reuniam em quilombos onde geralmente viviam da agricultura e artesanato. Para dificultar o acesso a esse local eles se localizavam mais nas florestas e perto de beiras de estradas para cometer pequenos assaltos para sobreviver. Fora os africanos que lá também era abrigados, fugitivos da Polícia e índios. Nisso, grandes culturas ali se originou.
    O Quilombo dos Palmares foi um dos mais importantes quilombos do Período Colonial da História do Brasil. Ele surgiu e se desenvolveu na antiga capitania de Pernambuco, na região da Serra da Barriga. O auge do Quilombo dos Palmares foi a segunda metade do século XVII, embora tenha surgido no final do século XVI. Era constituído por quilombolas (escravos fugitivos das fazendas que viviam nos quilombos) que tinham sido escravos em fazendas das capitanias da Bahia e Pernambuco. Tornou-se símbolo da resistência negra à escravidão.
    Muitos quilombos, por estarem em locais afastados, permaneceram ativos mesmo após a abolição da escravatura em 1888. Eles deram origens às atuais comunidades quilombolas (quilombos remanescentes). Existem atualmente cerca de 1.500 comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Palmares, embora as estimativas apontem para a existência de cerca de três mil. Grande parte destas comunidades está situada em estados das regiões Norte e Nordeste. Os integrantes das comunidades quilombolas possuem fortes laços culturais, mantendo suas tradições, práticas religiosas, relação com o trabalho na terra e sistemas de organização social próprio.
   Além disso, os quilombolas produziam artesanatos (cestas, tecidos, cerâmica, metalurgia) e os excedentes era comercializado com as populações vizinhas, o que gerava uma economia razoavelmente intensa na região do quilombo. Havia uma diferença entre o status dos quilombolas, divididos entre aqueles que chegavam aos quilombos pelos próprios meios (mais prestigiados), e aqueles libertados por incursões de guerrilha (desconsiderados e indicados para os trabalhos mais pesados). 
     
                                          Dança

A dança dos quilombos é uma epopeia histórica da Guerra dos Palmares, que duraram 70 anos no Estado de Alagoas. É uma dança coletiva na qual tomam parte negra e índios. Divide-se em duas partes. Na primeira, os negros comemoram o saque efetuado na noite anterior, e vendem as mercadorias nele obtidas. Na segunda parte, trava-se um combate entre negros e índios. Estes saem vencedores. 
A festa é realizada no dia do orago (santo de invocação e padroeiro da freguesia). 
O quilombo é dançado numa praça decorada com palmas, folhas de bananeiras e ramos de árvores. Tanto as folhas como os ramos são adornados com flores, frutos e bandeirolas. Ao centro uma paliçada com dois tronos de ramagens, o da esquerda ocupado pelo rei, de gibão e calção brancos, manto azul, com espada; e o outro, ainda vazio, destinado a rainha. Os negros dançam e cantam acompanhados de adubos, ganzás, pandeiros, mulungus. Em dado momento, ouvem-se gritos de guerra e a música recrudesce. Ecoa o som de buzinas a anunciar a venda do saque. Os negros espalham-se para vender os animais furtados (galinhas, bois, cavalos, carneiros, etc.) As vendas são feitas aos próprios donos. 
O rei, acompanhado do seu séquito, vai buscar a rainha que, entre flores, com danças, cantos e gritos marciais, é conduzida ao trono. 
Aparecem, entre as folhagens, as sentinelas dos caboclos, trajando tangas e cocares de penas, armados de arcos e flechas. Os negros gritam surpresos e apavorados com a presença do inimigo. 
Os caboclos avançam, precedidos de seu rei, este de manto vermelho e empunhando uma espada, aproxima-se, cantando e dançando o toré, executado por instrumentos de gomos de taquara rachados e de folhas de palmeiras enroladas. 
Trava-se demorado combate entre os negros e os caboclos. Por fim, os caboclos subjugam o rei dos negros e sequestram a rainha. Ouve-se o repicar dos sinos, anunciando a vitória. Seguem-se explosões de fogos. Os negros são arrebanhados no centro do quilombo, que é destruído. Os índios vendem os negros e entregam a rainha a um dignitário. Este oferece larga recompensa aos vencedores. 




                                                         Zumbi dos Palmares

   Nascido em Palmares, atual estado do Alagoas, no ano de 1655, Zumbi dos Palmares fora o chefe guerreiro de maior destaque na história do quilombo. Foi capturado ainda jovem e oferecido ao Padre Antônio Melo, que lhe ensinou português e latim, além de batizá-lo com o nome de Francisco.
    Anos depois, em 1670, foge da paróquia e regressa ao Quilombo, onde se transforma em líder por organizar a resistência e ganha o nome de Zumbi (titulo militar de chefe da guerra) após planejar uma série de estratégias de guerrilha bem sucedidas, com assaltos repentinos aos engenhos para libertar escravos e conquistar armas, munições e suprimentos para realização de novos ataques.
    Contudo, após varias vitórias, inclusive contra as expedições dos mercenários bandeirantes, Zumbi fora encurralado e morto em novembro de 1695, tendo a cabeça decepada e transportada para Recife, onde foi exibida em praça pública. Assim, sem o comando militar de Zumbi, o quilombo desintegrou por completo em 1710.
    O "Dia da Consciência Negra", 20 de novembro, é uma alusão e um tributo à Zumbi dos Palmares e a todos os negros que combateram bravamente contra a escravidão.


Dandara Dos Palmares

   O nome Dandara significa “a mais bela”. Dandara foi a esposa e guerreira de zumbi dos Palmares. Junto com ele, lutava para livrar os negros da dura vida que levavam. Embora não tenha registros de seu local de nascimento nem de sua ascendência africana, acredita-se que nasceu no Brasil e foi viver no Quilombo dos Palmares ainda criança.  
     Ela pertenceu à nação Nagô- jelê da tribo de mahi, religião mulçumana, africanos conhecidos como Malês. Junto a zumbi, tiveram três filhos, Harmódio Matumbo, Aristogiton. Dandara assim como todos que viviam no Quilombo, trabalhava , plantando e colhendo, aprendeu a caçar e a lutar capoeira. Em 6 de fevereiro de 1694, Dandara suicidou-se pulando de um abismo , por se recusar a se tornar escrava , após se levada como uma , quando a cerca dos macacos no Quilombo dos Palmares foi destruída.




  

  Equipe: Emilly Silva N° 11
               Isabelly Dhafny N° 19
               Jadson Villar N° 21
               Verônica dos Santos N° 36

                                                                  

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O Guerreiro Alagoano

O Guerreiro é um auto natalino genuinamente alagoano, de caráter dramático, profano e religioso. É uma junção de elementos dos pastoris, cheganças, quilombos, caboclinhos, e na opinião dos estudiosos do folclore se trata de um reisado moderno.
Surgiu em Alagoas na década de 20 do século XX, o folguedo apresenta um grupo de cantores e dançadores acompanhados de uma sanfona, tambor e pandeiros, que conta e canta através do sincretismo religioso a chegada do messias e a homenagem dos três reis magos, entre os dias 24 de dezembro até o Dia de Reis, em 6 de janeiro.
O Índio Peri, a Lira, o Papa-figo, a Alma, o Zabelê, o Sapo, o Mateu, o Doido, o Mata-mosquito, a Sereia, a Estrela Dalva, os Reis e Rainhas. Estes são alguns dos inumeráveis personagens que podem compor um auto de Guerreiro, sobre o comando do Mestre e sua espada, com seu incrível chapéu em formato de igreja de onde caem fitas de cetim multicoloridas.
A indumentária é carregada de espelhos, miçangas, brilho, lantejoulas e cores, muitas cores, todas elas. Os homens usam calções e meias brancas bem longas, imitando as roupas dos nobres e reis da corte, as mulheres usam vestidos com acessórios referentes a seus personagens, tudo isso compõe o visual das apresentações deste folguedo popular alagoano.
A parte musical, segundo o músico e pesquisador do guerreiro Tido Moraes, é um auto todo cantado, intercalando intervenções instrumentais, como vinhetas de passagem entre um episódio e o próximo. Acontecem pausas chamadas de embaixadas, nas quais o mestre e as outras figuras do guerreiro representam seus personagens em versos falados.
Tido completa. “O auto é uma seqüência de músicas poli-rítmicas, em formas binárias, ternárias, e quaternárias, esse é o tempo do andamento, ou seja, representam marchas e valsas. A harmonia funcional é bem simples e se dá através da sanfona. O mestre entoa a melodia e as figuras respondem em coro”.
Quem já assistiu a uma apresentação de Guerreiro sabe que a música tem um ritmo frenético e forte, a coisa toda é bem quente, pega fogo no salão mesmo, como se diz.
Mestre Benon, do Guerreiro Treme Terra de Alagoas, um dos grupos mais respeitados do gênero, conta no vídeo “Mestre Benon, o Treme Terra”, de Nicolle Freire e Celso Brandão: “Nós já quebramos muito palanque por aí se apresentando com o Guerreiro, uma vez na universidade (Ufal) estavam com as câmeras da TV filmando e quebrou tudo, caiu todo mundo”.
Isso pode acontecer no momento chamado de trupé, em que os dançadores batem o pé com força no chão, acompanhando o aumento da velocidade da música. Quebra mesmo.
Logo depois da reza do divino, no meio do espetáculo, acontece a luta de espadas entre os guerreiros. Este embate envolve sempre mestre e os embaixadores contra outros personagens como o Índio Peri. Tem pirueta, cambalhota e toda ação de uma boa luta de espadas. Errol Flynn das Alagoas!



















Mestre Benon, o Treme Terra


“O Guerreiro é irmão do Reisado, primo do xangô, dos índios da montanha, das Baianas, da Taieira, do Toré de índio, do Caboclinho, do Bumba-meu-boi e do Quilombo do Pastoril". (extraído do site do projeto Guerreiro por Natureza, Universidade Federal de Alagoas - Ufal).
Modéstia não é seu forte. Há mais de 50 anos atuando no folclore alagoano, Benon é um exemplo de gente do povo orgulhoso de si mesmo e de suas realizações, de sua arte, do seu Guerreiro Treme Terra de Alagoas, ele bate no peito e diz “Mestre Benon, o rei do folclore”, e é mesmo.
Segundo ele, é instruído em 29 profissões, e que não tem preguiça de trabalhar, dá valor a Alagoas porque “aqui só morre de fome se for preguiçoso, tem peixe, sururu, siri, caranguejo, tudo”.
No Centro Comunitário Hélio Porto Lages, bairro da Chã do Bebedouro, onde se tem uma bela vista de Maceió e da Lagoa Mundaú, vive Mestre Benon e a maioria do seu grupo de Guerreiro, por volta de 35 pessoas que o tratam com grande respeito.

Benon comanda também um trio de forró, tocando sanfona, e que tem o ótimo nome de Trio Mordido do Poico. Como complemento de renda, ele vende, ou melhor, exporta pequenos chapéus de Guerreiro, enfeites que rodam o mundo, “Estados Unidos, Japão, Europa, vendo pra todo lugar”, diz o Mestre do folclore alagoano. 



GRUPO:
Maria Franciele
Nayanne Lima
Thais Evelyn
Vinícius Luis
Vinícius Henrique